Archive for Fevereiro 2010
e a cor é a impressão digital de uma cidade.
Para quem vive no Porto, admitir que o cinzento de Lisboa é absolutamente deslavado é pêra doce.
um vídeo por dia, nem sabe o bem que lhe fazia. #20
Ora, e para desenjoar da temática José-Sócrates-é-mentiroso-e-os-seus-braços-viram-tentáculos nada como estabelecermos comparações com outros povos menos afortunados nos seus representantes sufragados.
De uma forma absolutamente alheada de outras questões mediáticas reconheçam que, nesta perspectiva, o charme e a presença de Sócrates contrasta bem, e favoravelmente, com a de Silvio Berlusconi.
[ Vídeo: “Silvio Berlusconi e a sua chegada ao 60.º Aniversário da NATO”, por Euronews ]
e mais de dois terços sabem ser falsos com todos os (poucos) dentes que têm.
«Mais de um terço dos portugueses têm dentes falsos.», via Público
os sinos dobram sempre as tuas badaladas.
É certo que a nossa história envolve mais sapatos do que gostarias mas, a verdade é que, as tuas badaladas são mais fatais que as da Cinderela.
um vídeo por dia, nem sabe o bem que lhe fazia. #19
Intimamente gostamos de acreditar que este País é quente. A adjectivação utilizada — e perfeita para decorar as traseiras de um panfleto turístico português — é qualquer coisa como: Portugal é um país amenamente tropical. Como se, numa mesma frase, as duas palavras, distintas e únicas, pudessem conviver bem uma com a outra. Porém, se compararmos as médias de temperaturas nacionais com as restantes Europeias, não nos saímos nada mal com o termostato que nos equiparam. Mas, ainda assim, sentimos frio. Caraças!, se sentimos. E, de todo, estamos longe das temperaturas tropicais ou das águas quentes paradisíacas com que a Agência Abreu costuma decorar as suas montras.
Na realidade, a maioria das casas — claro que esquecendo as modernices dos pisos irradiantes — não escapam ao frio que faz lá fora. E deixam-no entrar fazendo com que, invariavelmente, se acabe por desejar um aquecimento global sem grandes consequências ambientais mas, por outro lado, consequentemente agradável para o guarda-roupa. E depois existe ainda a humidade, essa, que anda de mão dada com este frio. Sabemo-lo bem. Aliás, até sabemos pronunciar “humidade”. No entanto, provavelmente, nunca gastamos tantas vezes a palavra até que ela perdesse a sua forma fonética. Nem nunca o fizemos porque não é um drama que nos toque tantas vezes como o faz com esta senhora.
[ Vídeo: “A Humidade”, por Senhora-que-tem-muita-ómidade.]
o meu coração é climatizado como umas sandálias que tive.
No Inverno muito frio e arejado. Mas, quente e infernal no pico do Verão.
peremptoriamente, dizem-me os antigos, “na política são é todos iguais”.*
«Paulo Rangel, ex-líder parlamentar do PSD e tido como o grande vencedor das eleições europeias do ano passado, (…) é candidato à liderança do PSD.», via Público.
[ Vídeo: “Paulo Rangel na Grande Entrevista de 29.10.2009” ]
* caraças!, expliquem-me agora (muito devagarinho, a ver se eu percebo) a diferença que ele dizia ter relativamente a Elisa Ferreira.
três cantos: reedição da edição à séria.
Depois de ter esgotado, em 3 vertiginosas semanas, esta edição limitada dos Três Cantos: Ao Vivo volta a estar à venda, com uma tiragem limitada, nas lojas FNAC, a partir do dia 1 de Março.
É, de longe, das melhores edições especiais de DVD musicais que por cá se fizeram. De aquisição obrigatória. A pré-venda decorre aqui.
uma casa inacabada vira pré-fabricado com medidas de desejo.
Tenho a casa encaixotada, mas todas as memórias ainda por guardar.
a qualquer-coisa-comédia que resulta.
Woody Allen estava, há tempo demais, sem fazer uma boa comédia como esta. “Whatever Works“. Quando escolhi vê-lo, no pequeno ecrã de 13 polegadas do meu portátil, parecia-me que este filme nunca chegaria a estrear cá. Mas — é certo que com um grande atraso — cá está. Em Portugal, a somar ao atraso na estreia do filme, o poster escolhido para divulgação do filme foi outro. Engana. Adapta o título original do filme, e imagem do poster original, para o aproximar à imagem das comédias românticas. E, por mim, se isso ajudar à divulgação, nada contra.
A experiência, no cinema, é outra e a sensação de que Boris (Larry David) interage com o espectador é, neste caso, efectiva. Este filme não tem Woody Allen. Ou, de outra forma, tem um Allen mais cínico, mais desagradável, mais cáustico, mais expressivo na voz e religiosamente, de todo, mais violento e sarcástico. Um Woody Allen menos neurótico, menos nervoso, menos expressivo nos gestos e bem menos atabalhoado. Tem, portanto, Larry David. O mesmo Larry David que, ao representar-se a si mesmo, na sua série “Curb Your Enthusiasm”, nos deixa, constantemente, desconfortáveis e com a sensação mas-isso-só-pode-correr-mal. Porém, em “Whatever Works”, Larry David é um Boris que, ao longo do filme, acaba por conquistar o espectador. Com ternura, até. E, para mim, ver a representação deste papel entregue a Larry David foi uma boa surpresa.
O argumento transpira Woody Allen? Decerto que sim. Mas, e como nem sempre aconteceu na última década nas comédias de Allen, resulta. E resulta muito bem. A matéria prima para que resulte reside, primeiro, no argumento.
Depois: Woody Allen, é um facto, filma Nova Iorque de uma forma que até o mais profundo terrorista anti-ocidental se consegue apaixonar por essa cidade. A cor é outra; as pessoas parecem mais reais. Se a imagem a Technicolor tivesse de ter uma definição visual, eu teria de apontar um pedaço de uma fita de Allen. A imagem, a banda sonora, o ritmo com que as cenas se sucedem e o enquadramento com que os monólogos versus diálogos são fimados dizem muito ao caso. Este é o segundo pilar que contribui para que o filme funcione: a realização.
Este é um filme coerente com a sua obra e, ao mesmo tempo, um filme que é novo na sua forma, conteúdo. Já o disse: resulta bem. E, apesar de toda a reflexão existencial — que é comum aos seus principais filmes —, a verdade é que (contrariamente ao que nos é avisado) este é o filme que dispõe bem. Para já, e para mim, do ano.
[ Trailer: “Whatever Works”, um filme realizado e escrito por Woody Allen ]
é o progresso informativo, meu caro.
O cidadão desinformado e baralhado questiona: mas, afinal, ainda temos governo? E a quanto é que ficaram as vacinas da Gripe A contra o Mário Crespo? 5 a 2?
O nosso país — influência da gastronomia, possivelmente — é uma salgalhada. Gosto. Principalmente da gastronomia.