as horas extraordinárias

«bem fiz em ter por necessárias as horas extraordinárias.», sérgio godinho

o meu baú de recordações é um tesouro. #02

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No ano 2000 a BMW lançava – depois de muita pesquisa e desenvolvimento, de acordo com os próprios – a moto-scooter-e-também-carapaça-esquisita-C1. 

O conceito base do qual terão partido foi a redução dos riscos associados à condução de motociclos mas, simultaneamente, mantendo os prazeres que só as motos proporcionam. Assim, esta scooter de baixa cilindrada foi publicitada com a garantia de prescindir do capacete para a sua condução, já que se apresentava apetrechada do cinto de segurança e de uma capota. E a chuva? Bom, quanto à chuva, a BMW – acreditando que a chuva caía de forma perpendicular ao solo – prometia também roupas secas na deslocação casa-trabalho-casa. A cereja no topo do bolo era o rádio, o aquecimento de banco e de punhos e uma bagageira: tudo extras que poderiam ser adquiridos juntamente com esta moto.

Fantástico, para os executivos. Espectacular, para os amantes das duas rodas com necessidade de vestir bem ou com maior medo de experimentar o sabor do asfalto.

Mas, se na realidade a moto foi apenas produzida e comercializada entre 2000 e 2003 o que é que não terá sido bem assim? O que é que poderá explicar, e atenção a isto!, que esta moto tenha sido, provavelmente, o maior falhanço de um modelo dentro dos veículos motorizados de duas rodas?

Os motivos são claros e previsíveis: a estética era de um futurismo discutível, a cilindrada de menos de 200cc limitava a sua utilização para lá das malhas urbanas e – esqueça-se a publicidade – quem acreditaria que a C1 seria de uma segurança ao nível dos veículos enlatados?

E o raio da chuva?, dirá o leitor mais atento. Ora, de facto, reconheço não conhecer a chuva alemã mas, no resto do Mundo, da experiência que tenho, a chuva sofre a influência do vento. E por muito que se tenha uma pequena capota em cima da cabeça, caraças!, é óbvio que um gajo se molha à mesma. Esta gente que inventa coisas nunca andou de guarda-chuva.

Motociclo BMW C1

Motociclo BMW C1

Apesar de todos os defeitos, esta moto diverte-me e sorrio sempre que a vejo na rua. Recordo-me de ouvir falar nela antes de ser lançada e de espreitar presencialmente a primeira, amarela, que encontrei várias vezes estacionada junto ao Capitólio.

Esta moto teria mais carisma se fosse eu a dar-lhe o nome. Chamar-lhe-ia scooter-ninja. Porquê?! Claro, por causa da carapaça e das cores. Sim, das tartarugas.

E, ainda para mais, concordarão: é meio mutante.

Written by Cláudio Vieira Alves

08/05/2009 às 01:00

2 Respostas

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  1. Isto foi vendido em Portugal? Nunca vi semelhante na rua… Se calhar é da minha fraca sensibilidade motorizada.

    Pedro Potter

    08/05/2009 at 20:45

    • Foi, sim senhor. E, face a outros países Europeus, com relativo sucesso. 🙂 Ainda se vê, de quando em quando, principalmente em Lisboa.


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